sábado, 5 de fevereiro de 2011

Ervas

Após investigações sérias e anos de uso popular registrados, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), divulgou uma lista de 66 espécies eficazes, com suas respectivas indicações de uso. A seguir serão listadas algumas delas, lembrando que os chás preparados devem ser consumidos apenas para alívio dos sintomas agudos, sem ultrapassar 30 dias; segundo o médico Roberto Boorhem, presidente da Associação Brasileira de Fitoterapia.

Outra questão importante a ser levada em consideração é o estado de saúde geral do interessado em utilizar das plantas medicinais; uma vez que seu uso nem sempre combina com remédios de uso contínuo, pois alguns ativos dos vegetais potencializam ou anulam os efeitos de determinados medicamentos. Portadores de doenças crônicas - como as cardiovasculares, renais, hepáticas, diabetes, câncer e epilespsia - também não devem ingeri- los por conta própria, já que o consumo pode ser tóxico para o seu organismo mais sensível
e agravar o quadro.



Passiflora
- Passiflora Incarnata

Famosa por seu poder calmante, a folha do maracujá faz parte da fórmula de fitoterápicos e é recomendada para o tratamento da ansiedade. Mesmo após pesquisas na Universidade Federal de São Paulo não detectarem efeitos adversos na utilização da Passiflora, ainda assim como todo medicamento, especialmente os que mexem com o sistema nervoso central, sua utilização deve ser acompanhada por um especialista. Dentre as espécies de Passiflora avaliadas, a Incarnata foi a que se mostrou mais eficiente.



Aroeira do Setão
- Myracrodruon urundeuva

O uso popular da casca da Aroeira para banhos de assento no pós- parto chamou a atenção da Universidade Federal do Ceará, que investigou suas propriedades. Esta planta medicinal foi utlizada para desenvolver uma fórmula fitoterápica como creme vaginal contra infecções ginecológicas, que quando testada para lesões no útero por uma quinzena, uma vez ao dia; resultou na remissão das feridas, poupando algumas das mulheres da cauterização. O creme à base de Aroeira- do- Sertão só é encontrado para prescrição no Nordeste.



Valeriana
- Valeriana officinalis

Matéria- prima de fitomedicamentos, teve comprovada sua ação ansiolítica, atribuída aos valepotriatos, que agem no Sistema Nervoso Central. No cérebro, eles aumentariam a disponibilidade de certos neurotransmissores, aplacando a ansiedade.



Boldo- do- Chile
- Peumus boldus

Planta muito conhecida por auxiliar na digestão, o boldo deve ser utilizado com atenção, uma vez que existem variedades dessa planta: o boldo que comprovadamente favorece a digestão é o Boldo- do- Chile (Peumus boldus), e não aquela espécie de textura aveludada, que os brasileiros costumam colher no jardim.A comprovação da eficácia do Boldo- do- Chile veio da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), segundo o biomédico João Ernesto de Carvalho: "a boldina, principal componente do vegetal, estimula a secreção da bile, substância produzida pelo fígado que atua na digestão de gorduras".

Mas seu uso deve ser feito com cautela, uma vez que pode causar intoxicação hepática. Utilização então somente em episódios isolados de mal- estar!


Carqueja - Baccharis genistelloides

 A carqueja é outra planta medicinal que chamou a atenção dos pesquisadores da Unicamp. E assim como o boldo, a carqueja favorece a produção da bile, facilitando a digestão. Há registros também de redução nas taxas de açúcar no sangue, além de propriedades antiúlcera e anti- inflamatórias, que auxiliaram no tratamento de artrites.

Não foram encontrados indícios de toxidade renal ou hepática, mas há risco de queda na pressão arterial, o que restringe seu uso a pacientes hipotensos ou que façam uso de medicamentos contra a hipertensão.


Alecrim - Rosmarinus officinalis

O alecrim com sua 'fama' no combate à depressão, foi testado cientificamente em uma tese de doutorado na Universidade de Santa Catarina e o resultado foi semelhante ao uso de um antidepressivo clássico da alopatia. "No cérebro, ele (o alecrim) inibe a degradação dos neurotransmissores serotonina, dopamina e noradrenalina, responsáveis pela sensação de bem- estar", esclarece Daniele Machado, neurocientista da UFSC.
Vale reforçar que, por agir no SNC, o uso indiscriminado é contraindicado.


Guaco - Mikania laevigata

O alivio dos sintomas da bronquite, asma e tosse são encontrados nessa planta, que tem efeito paliativo para casos agudos de doenças respiratórias. O cientista ambiental Tiago Petrucci, da Universidade do Extremo Sul Catarinense, após estudos concluiu que além de não ocorrerem efeitos tóxicos, o processo inflamatório, dilatação dos vasos e ação antimicrobiana diminuiram.


Espinheira Santa - Maytenus ilicifolia

Esta planta é conhecida por atenuar azia e mal- estar estomacal. Após estudos com ratos, além de constatar uma baixa toxicidade, houve aumento de volume e diminuição da acidez do suco gástrico, o que resultou em uma proteção da mucosa; avaliou João Paulo Viana, químico da UFMG.


Erva Baleeira - Cordia verbenacea

A erva- baleeira já é matéria- prima de um consagrado fitomedicamento, fabricado pelo laboratório Aché. Seu creme anti- inflamatório de uso tópico à base do óleo essencial dessa planta, é indicado para aliviar dores musculoesqueléticas e tendinites.
Até que se chegasse ao uso comercial, o óleo foi objeto de experimentos na UFSC, conduzidos por João Batista Calixto, um dos mais renomados especialistas em farmacologia do país. Segundo ele, o óleo promoveu uma expressiva diminuição da dor e da inflamação em animais que haviam sido induzidos ao desconforto. A explicação científica para sua eficácia, foram as substâncias alfahumuleno e transcariofileno encontradas nos componentes da erva- baleeira; as quais inibiram a expressão de uma proteína envolvida em processos inflamatórios, a TNF- alfa, explica o especialista.


Barbatimão - Stryphnodrendon adstringens

O Barbatimão, planta típica do cerrado, concentra substâncias de grande potencial cicatrizante. Devido a isso, houve interesse por parte do laboratório Apsen, que após 17 anos de pesquisas, lançou uma pomada à base de seu extrato. A fórmula quando testada em seres humanos, se mostrou eficiente no tratamento de escaras.
A casca do barbatimão é rica em taninos, ativos que retraem as camadas da lesão e estimulam a formação de uma película protetora, criando condições favoráveis para a pele se recompor, explica a geriatra Rita Ferrari, responsável pelo desenvolvimento do produto.
A planta também apresentou resultados anti- inflamatórias e antimicrobianas, fundamentais para a cicatrização dos machucados.


Créditos: Artigo resumido do original: reportagem da Revista Saúde! é vital, de outubro de 2010
http://robertadeangelis.blogspot.com

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