quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A cura do Eu dividido

Tanto os comportamentos compulsivos quanto os defensivos são modos de fugir da própria experiência. A pessoa não faz caso dela, em vez de enfrentá-la e aceitar os sentimentos que ela suscita.

Se conseguir aceitar todos os seus sentimentos e expressá-los sem se julgar, você não precisará ter um reservatório subconsciente de sentimentos reprimidos. Quando se distancia das suas experiências e evita saber o que sente, você cria uma consciência dual, em parte consciente e em parte inconsciente, em vez de uma só.

Este tipo de dissociação é mais evidente nos casos de abusos físicos e/ou emocionais graves. Parte do Eu se esconde, passa a ficar inacessível e se separa do todo. Para que haja a cura, esses aspectos fragmentados do eu, assim como as suas lembranças traumáticas, precisam ser trazidos à tona e integrados a consciência.

A reconstituição do processo de cura é a essência do processo de cura, mesmo nos casos em que a pessoa não passou por experiências traumáticas. Todas as experiências de medo causam algum tipo de dissociação, pois perturbam a respiração e desligam a pessoa de seus sentimentos. Essas experiências em que a pessoa se desliga do eu levam aos descaminhos que provocam toda futura vitimização.

Quando os pais, professores e outros adultos importantes não validam a experiência da criança, ocorre a dissociação. A criança reprime os sentimentos e começa a desenvolver um eu falso e socialmente aceitável, que lhe permite satisfazer as exigências à sua volta. Esse eu é uma fraude. Ele é construído a partir do medo, esconde a vergonha e se apresenta ao mundo com uma camada do verniz da "normalidade".

Todos os seres humanos têm esse eu falso, esse verniz, usado como uma máscara que os protege dos julgamentos e ataques. Todos os seres humanos sentem vergonha da deslealdade que demonstram consigo mesmos e que escondem até dos parentes e amigos mais próximos. Todos os seres humanos têm um conteúdo subconsciente que precisa vir a superfície, para a mente consciente.

Para isso a fina carapaça que recobre o falso eu precisa ser quebrada. A pessoa pode perder o emprego, enfrentar o rompimento de uma relação importante ou perder um ente querido. Muitas vezes ela contrai uma doença grave. Depois que essa carapaça se racha, tudo o que estava enterrado pode vir à tona.

Como todas as desconexões da nossa experiência consciente estão registradas no nosso corpo, todas as experiências reprimidas de violência podem se manifestar como doenças. Como tal, a doença é um chamado de despertar, um chamado para a consciência e a cura. À medida que a psique do indivíduo fica mais em sintonia com o amor, as lembranças reprimidas têm mais chance de vir à tona. Isso ocorre porque o indivíduo está mais preparado para enfrentá-las, aceitar os seus sentimentos e integrar a experiência.



Créditos: Paul Ferrini - www.eradourada.com.br

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