Eu nunca fui uma pessoa que suspira pelo passado. Vez por outra ouço alguém desejando voltar no tempo, ser criança outra vez, adolescente, ter 20 anos. Acho esquisito, sempre achei. Até outro dia, eu traduzia minha falta de nostalgia como bloqueio psicológico, um artifício racional que me protegia sabe-se lá do quê. Era nada. A minha falta de apego ao passado é bem mais otimista do que eu podia imaginar.
Foi numa manhã dessas, nas raras em que pude acordar absolutamente sem pressa, que me bateu uma profunda gratidão pelo que sinto e tenho na vida: paz, amor, alegria, saúde, oportunidades, esperança. Jamais desisti, mesmo nos maiores cansaços, mesmo quando eu achava que conseguiria desistir. Nunca consegui, sempre continuei. Mesmo quando eu andava quase parando, havia alguma evolução em alguma coisa. Decisão difícil, essa de jamais desistir, acho que a mais difícil ever. Mas, sem ela, a gente para num caminho confuso, sem eira nem beira, sem motivo e sem reação, bem a mercê de uma coisa que o povo adora chamar de destino.
Não que saber disso queira dizer que eu não tenha escolhido mal, mas que também faz parte não escolher direito. Triste é achar que dá pra tirar férias eternas de todo e qualquer propósito e abster-se da responsabilidade do resultado que infalivemente virá. Não escolher é uma escolha, a pior delas.
E quanto mais a gente sabe sobre a própria experiência, mais claro fica o tamanho do gesto (ou da sombra dele) e o quão poderosa é sua influência sobre todos os nossos dias. Por causa disso, simples assim, é que meu foco é sempre no que faço hoje para facilitar meu entendimento sobre o amanhã. Me construí no passado até agora, mas é preciso continuar construindo. Deitar sobre os louros ou as desventuras passados é coisa de preguiçoso. E isso, descobri, eu não sou, não.
Créditos: http://acacialima.blogspot.com/
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