-> Participante: Eu não compreendi uma coisa. Nós não devemos acreditar no que o ego me diz a não ser neste conhecimento que estamos tendo através do senhor. É isso?
◕ Não. Você não deve acreditar em nada e isso inclui o que está compreendendo de tudo o que eu falei.
-> Participante Mas você acabou de abordar a questão da confiança, do crer sem compreender...
◕ O que falei nestes três dias , em resumo, foi: tudo que vem à sua consciência é fruto da criação do seu ego. Isto é Verdade e não porque eu falei, mas porque os mestres ensinaram assim.
A partir da conscientização desta Verdade que é universal, pois foi ensinada por todos os mestres, gera-se a necessidade de se libertar de tudo, inclusive das compreensões que foi formando ao longo destes dias.
Vou repetir para ficar bem claro que não estou querendo ser o ‘certo’, o único que conhece a Verdade. Você precisa se conscientizar de tudo o que falamos. E, o que falamos? Que toda compreensão que lhe vem à mente é fruto do ego. Então, liberte-se de toda compreensão e não apenas de parte dela,.
Aliás não é a primeira vez que digo isso. Já conversamos anteriormente sobre este assunto e você, tanto daquela vez como desta, está recebendo do seu ego um raciocínio que afirma que estou querendo dizer que você deve acreditar no que eu digo e em mais ninguém. Mas não é isso.
◕ O que quero é que acredite que deve desacreditar de tudo, inclusive do que eu ensino. Quando você se conscientizar de tudo o que foi dito ontem, anteontem e hoje não sobrará nada para você acreditar, nem o que foi dito nestes dias.
É isso que falei agora. É preciso você se conscientizar de que não há nada a se apegar. Não há um fio de cabelo em que possa acreditar piamente nele.
Os mestres foram categóricos: no mundo material não há uma única corda na qual o ser humanizado possa se segurar. Nem os ensinamentos podem servir de corda para você se apoiar, pois um dia eles também terão que ser suplantados.
A conscientização de tudo o que foi dito nestes três dias leva a isso.
No entanto, este não crer não pode se transformar numa crença para você, ou seja, tem que acreditar que não deve crer em nada. Isto porque se quiser entender que tem que não acreditar, não entende nada, e, ao viver assim, não consegue fazer.
Então veja, a única coisa que ensino (e como já disse não estou inventando nada, mas reproduzindo o que os mestres ensinaram), é não acredite nada. Nem em mim.
-> Participante: Conscientizar-se é saber que é assim, sem procurar saber como funciona, já que não temos parâmetros para entender o processo de funcionamento?
◕ Exatamente. Saber que você não saberá como se libertar: esta é a única coisa que deve lhe ficar claro.
Saber que não saberá como funciona o libertar-se, mas saber que tudo que você acredita é fruto do ego.
-> Participante: Hoje o ego falou alto e claro. Eu assisto, mas fico pisando lá e cá. Observo o que acontece como alguém vendo um filme, mas é depois de sentir ou quando estou sentindo. Ontem e hoje foram dias muito movimentados nesse sentido.
◕ Boa pergunta e isso vai ilustrar ainda mais o que falei acima: você não pode acreditar que precisa nada compreender.
◕ Veja, você já consegue em determinados momentos compreender que é o ego falando e em outro não. Isto é muito bom, mas não exija mais, ou seja, não queira conseguir sempre.
Se não conseguiu não conseguiu: ponto final. Viva naturalmente sem esforços imensos, obsessões, pois como Cristo ensinou, venha para mim que o meu jugo é leve.
Tornando a busca da elevação espiritual numa obsessão (tenho que conseguir) nada conseguirá. Estará apenas trocando uma verdade ilusória (tenho que rezar, por exemplo) por outra. Além disso, acreditando que tem que conseguir sempre, criará o lamento de não ter conseguido em determinado momento.
Veja bem. Quando não consegue libertar-se da influência do ego é um momento, uma provação; quando está lamentando que não conseguiu é outro. Se não fez no primeiro, também não fez no segundo, pois estava presa ao ego que lhe dizia que tinha que fazer. Na verdade, acabou perdendo dois momentos, duas provações, ao invés de uma porque aceitou a obrigação que o ego gerou a partir do que eu disse.
Sendo assim, não tente entender porque não conseguiu da primeira vez; faça agora: não aceite a imposição que o ego está lhe fazendo vivenciar como realidade.
É isso que estou falando em se conscientizar. É ter a certeza que cada momento é um momento para não acreditar no que o ego está dizendo.
Se o ego diz que você não conseguiu em determinado momento, não acredite nisso. Na verdade você não sabe se conseguiu ou não, pois estava desatenta lá.
A conscientização que afirmei ser necessária para a reforma íntima é exatamente o que disseram acima: a convicção de que não se tem a capacidade de saber o que é ‘certo’ ou ‘errado’, e aí entregar-se. A que? A nada.
◕ Quem quer aproximar-se de Deus precisa libertar-se do ego e entregar-se a nada. Não é integrar-se a um ensinamento, a uma doutrina, a uma compreensão, mas conscientizar-se de que o ensinamento é nada saber e, a partir daí, não saber nada, inclusive o próprio ensinamento.
☺ Quando o ego lhe disser que hoje foi um dia tumultuado, ☺ não acreditar nisso. Isto porque você não conhece os elementos da vida, ou seja, não sabe o que é dia, o que é ser tumultuado, etc. Quando o ego lhe disser que o dia foi gostoso, pleno de realizações, também diga a ele que não sabe se foi ou não. Isto porque você nada sabe.
Tem uma frase que eu uso muito e que se encaixa perfeitamente no que estamos falando: da sua declaração de expressa incompetência para viver a vida material nasce a sua competência para ser um espírito.
É isso que estou falando: não saiba de nada, para poder, depois, saber tudo.
-> Participante: E no mundo espiritual, como viver como espírito sem acreditar em nada?
◕ Para início de resposta, veja a ação do ego querendo compreender alguma coisa, ou seja, criar uma verdade. Estamos falando de vida carnal e seu ego já está buscando amealhar cultura querendo saber como é viver dentro do ensinamento na vida espiritual.
Isso é impossível para você, pois seu ego não possui comandos que criem dentro da perfeição os elementos do mundo invisível.
Por isso, no Evangelho de Tomé, há a seguinte logia: “Os discípulos disseram a Jesus: diz-nos como será nosso fim. Jesus lhes disse: descobristes então o princípio para que possais perguntar sobre o fim? Bendito aquele que se mantiver no princípio, pois que não provará da morte” (logia 1.)
◕ Se você não sabe como começou tudo isso, ou seja, como você passou a existir dentro desta identidade, como quer saber como acabará? Se você nada conhece sobre o mundo espiritual, como quer saber como é lá?
O que você conhece do mundo espiritual é o que seu ego diz que é e não a realidade. No Livro dos Espíritos, o Espírito da Verdade sempre que vai responder a alguma questão sobre ‘como’ é alguma coisa espiritual ele diz assim: vou fazer uma comparação, não é bem isso, mas serve para o entendimento, etc.
Se isso é Verdade, como então quer compreender como é viver lá?
Voltamos ao ensinamento: é preciso não querer saber nada. Quando chegar lá você verá, mas não com o ego ao qual está ligado hoje, mas de posse da sua consciência espiritual que pode gerar a Realidade que está acontecendo. Enquanto isso, não se preocupe com isso, pois se agir assim, você criará novas verdades e se manterá preso a elas.
Só isso que posso lhe responder sem comprometer o que estamos estudando hoje.
-> Participante: Ser espírito é ser feliz incondicionalmente, com turbulência ou não na vida humanizada.
◕ Não, a felicidade universal não pode ser criada, ou seja, não pode nascer de uma compreensão racional.
Ser espírito não é ser feliz, isto porque você não pode ser feliz, não pode criar uma felicidade. Você precisa sentir a felicidade sem que ela nasça de uma condicionalidade, sem que seja criada a partir de um determinado aspecto.
A felicidade que o espírito sente não pode ser criada a partir de elementos lógicos. A felicidade assim criada não é incondicional, mesmo que a lógica usada para que ela passasse a existir pareça ilógica para a maioria da humanidade.
◕ Ser espírito é ser espírito: a felicidade decorre desta condição. Quando você coloca como fez na sua pergunta (ser espírito é ser feliz incondicionalmente, com turbulência ou não na vida humanizada), criou condições para ter a felicidade: ser espírito é ser feliz incondicionalmente.
Esta felicidade não é mais incondicional. Seja feliz se for espírito ou não; seja feliz, incondicionalmente ou não. Ou seja, se você agir espiritualmente seja feliz, se agir humanamente, também; se conseguir libertar-se da condicionalidade para ser feliz, seja, mas se ainda for feliz quando os seus desejos forem satisfeitos, seja.
A felicidade tem que ser completamente incondicional para ser Real. Para tanto ela não pode nem ser condicionada à incondicionalidade.
Por isso disse que sua afirmativa não está de acordo com a visão espiritualista que estamos conversando, apesar de você ter usado para compô-la um ensinamento que já ouviu de mim em algumas outras palestras. Sei que esperava por isso que eu confirmasse o que disse, mas, na verdade, você nunca compreendeu o que foi dito até aqui.
Antes de ficar magoado com o que disse, lembre-se: é o ego que cria as compreensões e não você que entende. Ao criá-las ele engendra de tal forma a ‘razão’ para que surja uma compreensão, que se transforma em uma verdade e que lhe leva sempre a acreditar em alguma coisa.
No ensinamento utilizado nesta sua pergunta (ser feliz incondicionalmente) o seu ego engendrou durante o raciocínio uma condição para que você não vivesse a verdadeira felicidade: a incondicionalidade. Ele estabeleceu como condição para a felicidade universal a incondicionalidade.
Quando transmiti o ensinamento não coloquei a incondicionalidade como uma condição para que você vivesse a verdadeira felicidade. Disse apenas que deve ser feliz incondicionalmente, ou seja, sem qualquer condição.
◕ O que quis ensinar foi: seja feliz libertando-se das condições que utiliza atualmente para tanto ou não. É diferente do que você entendeu, ou melhor, da compreensão que o seu ego criou.
Na sua compreensão precisa haver a incondicionalidade para ser feliz.. A partir daí, posso afirmar que quando a incondicionalidade não acontece, jamais poderá haver a felicidade. Ou seja, você sofre quando não consegue ser feliz incondicionalmente e sente o prazer de ter posto em prática o ensinamento quando consegue manter-se feliz nas turbulências da vida.
Foi para poder lhe manter preso neste dualismo do prazer e da dor que o ego transformou racionalmente a incondicionalidade numa condição.
Sei que a felicidade incondicional não é o tema desta conversa, mas explorei o assunto para que vocês pudessem ‘ver’ algo que está relacionado com o ego: repare que qualquer compreensão que a mente cria se transforma numa condicionalidade que impede a Verdadeira Felicidade, mesmo que esta compreensão seja sobre os ensinamentos que estamos transmitindo.
Por isso disse antes: não acredite em nenhuma compreensão formada pelo ego, mesmo que seja a partir dos ensinamentos que estou passando. Viva o nada, duvide de tudo que lhe seja real, pois só assim você poderá atingir a felicidade que Deus tem prometido a todos os seus filhos.
Desta forma, o primeiro trabalho necessário para a reforma íntima é você se conscientizar do que é ensinado, sem buscar compreender aquilo que é dito. Vamos, agora, ao segundo trabalho: não acreditar em nada que o ego lhe diz.
Pode parecer que há entre o primeiro e o segundo trabalho uma redundância, mas não é bem assim. A partir do momento que você se conscientiza de que não pode acreditar em nada que o ego diz, é preciso que você não acredite em nada que o ego diz, ou seja, aja a partir da conscientização.
◕ É este o segundo trabalho necessário para quem pretende promover a reforma íntima: viver sem acreditar em nada que o ego diz. Por que jamais podemos acreditar no ego?
Como disse, o ‘criador de realidades’ está constantemente operando, ou seja, criando novas ilusões que ele rotula como verdades. Apesar de ilusórias, estas ‘verdades‘ criadas pelo ego parecerão lógicas, racionais. Perdido na ilusão de que aquilo que o ego criou é real, você vive de uma forma material a encarnação, sem aproveitá-la para a realização espiritual.
Foi exatamente o que acabou de acontecer na última pergunta (ser espírito é ser feliz incondicionalmente, com turbulência ou não na vida humanizada).
Um ego, trabalhando informações novas que foram ouvidas, formulou uma verdade: ser espírito é ser feliz. No momento da pergunta este ego colocou a verdade ilusória que já estava na ‘memória’ e criou a ilusão do som, do proferir palavras.
O espírito ligado a esta identidade, por não entender que era o ego que estava ‘falando’, mas achar que ele se lembrou do que havia dito anteriormente e que ele formulou a pergunta, acreditou que estava ‘certo’ no que estava dizendo. Mas, como vimos, não foi bem assim...
◕ Nunca se esqueça: o ego pegará tudo o que você ouvir e criará uma lógica, uma razão, que transformará o que foi ouvido em uma realidade. Fará isso para que você se ‘prenda’ (acredite) no que foi ‘compreendido’ (tornado racional) e, assim, o ego possa dualizar (‘certo/errado’, ‘bom/mal’, ‘bonito/feio’) os acontecimentos da vida material, mantendo-o preso às vicissitudes emocionais: prazer e dor.
Desta forma, não importa quem lhe diga qualquer coisa, compreenda que não foi a pessoa que lhe disse aquilo, mas o seu ego é que criou esta ilusória compreensão para que lhe prender no dualismo e no ciclo emocional material (prazer/dor). A partir do momento que você se conscientizar deste ensinamento, conscientize-se também de que precisa se libertar de tudo.
Postagem com ligação . . . (Conscientização - Libertação do ego)
http://ninhodasborboletas.blogspot.com/2011/03/conscientizacao-libertacao-do-ego.html
Fonte: http://meeu.informe.com/viewtopic.php?t=121
Imagem: google.com
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