Dizer que a melhor forma de se comunicar e se obter o que se deseja e precisa é sendo assertivo, é fácil. O difícil é entender o que isso significa e como isso se traduz em comportamentos.
É certo que para emitirmos comportamentos temos que estar motivados internamente para isso. Mas é certo também que se ultrapassarmos a barreira da inibição mental ou emocional, o comportamento pode se manifestar e provocar uma mudança de atitude e sentimentos.
A comunicação assertiva tem como premissas a expressão dos sentimentos, pensamentos e vontades, a defesa dos direitos e a estipulação de limites convenientes a quem a expressa, sem violar os direitos dos outros.
Sem querer dar receita de bolo, ou entrar na linha de auto-ajuda, mas ao mesmo tempo acreditando que você pode mudar comportamentos que o prejudicam apenas se conscientizando deles e de suas conseqüências, pedimos emprestado esses conceitos da psicologia comportamental cognitiva para responder a uma serie de perguntas que recebemos continuamente a respeito do assunto.
A chave para uma comunicação assertiva está em ser firme, direto, claro e em absolutamente não atacar o outro. Você pode dizer “eu quero mais atenção” em vez de acusar seu marido de ser uma pedra de gelo. A coisa mais importante a ser lembrada é que você tem todo o direito de expressar suas necessidades. Enquanto uma pessoa não consegue sequer acionar a campainha do ônibus no ponto que precisa descer, outra pode estacionar seu carro exatamente em cima da faixa de pedestres em um semáforo e acreditar que está no seu direito apenas por não havia outro local livre para estacionar.
Mas, é no âmbito pessoal e com as pessoas que mais amamos que surge a maioria dos problemas. Ao lado do seu direito de expressar suas necessidades está, na mesma medida, o do outro, pois as necessidades dele são tão importantes para ele quanto as suas o são para você.
Comunicando-se com assertividade você não precisa recorrer à agressão ou raiva, pode se proteger sem reclamar e estabelecer limites sem afastar demais as pessoas. A assertividade funciona em praticamente todos os problemas interpessoais: sexo, dinheiro, luta pelo poder, conflitos no trabalho ou na escola.
Uma frase assertiva tem três partes: “eu penso”, “eu sinto”, “eu quero”.
“Eu penso” é a descrição objetiva do que você vê, ouve e observa. São “os fatos, nada além dos fatos”, da maneira como você os percebe, sem julgamento, reclamação ou adivinhação das intenções da outra pessoa.
Às vezes é difícil separar os fatos dos sentimentos, mas isso é necessário para diminuir a raiva.
“Eu sinto” explicita a sua reação mais sincera. Faz com que a outra pessoa tome conhecimento de como o comportamento dela o afeta, sem que você tenha usado táticas de reclamação, intimidação ou provocação, e sem ter levado a outra pessoa a se colocar na defensiva. Como exemplo, você pode usar uma frase como esta para expor seus sentimentos: “Quando (...) acontece, eu sinto (...)”.
Em uma situação na qual você se sente invadido, impotente ou agredido, a raiva é a única emoção da qual você toma consciência. Por trás dela podem estar a preocupação, o medo, o desapontamento, a culpa e o constrangimento. Quem tem filhos adolescentes sabe com que freqüência o medo e a preocupação desencadeiam a raiva.
Observe que a ênfase recai no “eu”. “Eu penso”. “Eu sinto”. Assuma a responsabilidade por suas próprias experiências. Não é ela que “faz você sentir ciúmes”.
Ele não “faz você se sentir estúpido”. Quando você se responsabiliza pelo que sente, toma nas mãos o poder de mudar a situação.
Não use mensagens que na verdade estão culpando a outra pessoa, como: “Eu acho que você está controlando” ou “eu sinto que você está se aproveitando da situação”. Seja tão objetivo e justo quanto uma fotografia.
Os “sentimentos” são uma declaração de sua reação emocional não um julgamento ou ataque. “Quando você toma decisões sem me consultar sinto-me deixada de lado e frustrada por não ter voz em questões importantes”.
A parte fundamental de uma declaração assertiva é o “Eu quero”. Ao solicitar o que quer procure tratar de uma questão de cada vez; fazê-la de uma forma bem específica e pedir um comportamento.
Cuide de uma só questão por vez – sua esposa vai se sentir atacada e sobrecarregada se você lhe pedir ao mesmo tempo, mais apoio no trabalho, que gaste menos dinheiro com as crianças, ajude-o na limpeza do quintal e a noite esteja linda e sexy!
Seja especifico - descreva exatamente o que quer. Não faça solicitações vagas. Diga a hora, dia/limite exatos. Ao invés de “Eu quero que você ajude mais em casa”, diga “Eu quero que você limpe o banheiro de baixo e passe o aspirador nos tapetes”. Tente descrever quando, com que freqüência, de que maneira você quer que as coisas aconteçam.
Peça uma mudança de comportamento – você não pode exigir que as pessoas mudem suas atitudes e seus valores, suas prioridades e seus sentimentos. Só pode pedir-lhes que mudem seu comportamento. Por exemplo, você pode pedir a seu marido que lhe acompanhe a festa da empresa, mas não pode pedir que ele “queira” ir.
Ao invés de pedir para que seu namorado seja mais amoroso ou atencioso, peça-lhe exatamente o comportamento amoroso que você está precisando: uma massagem nos ombros, assistir televisão juntos debaixo do cobertor.
Usando esse formato, firme e claro, para conseguir a atenção para suas necessidades você evita ataques enfurecidos e se apresenta como uma pessoa que pode cuidar de si, que pode cooperar e é aberta e honesta a respeito do que quer e do que espera dos outros.
Algumas pessoas já são motivadas a cooperar com o que você quer por vários motivos. Mas se elas não estiverem motivadas você precisará oferecer-lhes alguma espécie de recompensa. A punição, através da retirada de atenção, vingança, ou críticas, entre outras, cria resistência e ressentimento, levando ao efeito contrário de sua expectativa.
- Se você lava a louça eu cuido da roupa para você; Se nos encontrarmos no restaurante perto de minha casa, poderei passar mais tempo com você no almoço.
Infelizmente, existem momentos em que o reforço positivo, ou recompensa, não funciona. Podemos chamar de “sanções” as conseqüências ou custos que as pessoas pagam por não atender o que você quer. “Se (...) acontecer então eu (...)”. A finalidade das sanções é motivar a outra pessoa a cooperar com você ou mais precisamente, a respeitar os seus limites. Quando apropriadamente usadas, as sanções podem ajudá-lo a satisfazer suas necessidades sem precisar recorrer à raiva. Para isso elas precisam ser específicas, razoáveis, consistentes e não ferir mais a você do que a outra pessoa.
Seja preciso a respeito do comportamento que desencadeará a sanção e o que acontecerá exatamente. Ameaças vagas como “Se você não chegar no horário vamos ter um problema sério” não dão a outra pessoa informações suficientes. Em vez disso diga: “Se você se recusar a falar comigo quando eu telefonar, eu vou contratar outro advogado”.
Não tem sentido nenhum caçar mosquitos com uma espingarda. Provavelmente você fará um grande buraco na parede e de toda forma não atingirá o mosquito. Sanções razoáveis ajudam-no a sentir-se no controle além de respeitar a outra pessoa e seu direito de tomar as próprias decisões. Humilhar publicamente, trair a confiança, ameaçar de violência ou outras sanções não razoáveis deixam a pessoa enraivecida e menos propensa a cooperar com o que você quer. Tenha certeza de poder conviver com as conseqüências da sanção. Cuidado quando ameaçar de se divorciar, demitir-se, chamar a polícia ou se matar. Ultimatos dramáticos desse tipo podem ter um bom efeito em cena, mas costumam terminar por feri-lo ainda mais.
Esteja preparado para cumprir o que você disse que faria. Se você disse que, sob certas circunstâncias, desligaria o telefone, chamaria o gerente, se recusaria a pagar, ou iria embora, faça isso. Faça toda vez que surgir a situação, caso contrario você estará acostumando a outra pessoa a não levá-lo a sério.
Você pode recorrer a uma negociação toda vez que tiver um conflito de interesses e quiser elaborar uma solução que traga benefícios mútuos - “Eu lhe darei do que você precisa se você me der do que eu preciso”.
Para algumas pessoas é difícil negociar porque isso exige que elas ouçam e entendam a posição do outro – é bem mais fácil ser firme quando o outro é visto como errado, estúpido, egoísta e injusto. Essas pessoas esperam que seja o outro a fazer todas as mudanças, e negociações requerem que haja um reconhecimento de que a outra pessoa tem necessidades tão importantes para ela quanto as suas são para você.
Negacear, gritar, ficar com raiva ou friamente racional não vai levar a lugar algum. Se existe um conflito de necessidades, a negociação permite encontrar um meio termo, onde ambas as partes conseguem pelo menos um pouco do que querem.
Para isso é importante: declarar em termos comportamentais exatamente o que quer que a pessoa faça, ou não faça; ouvir as objeções dela, sem tentar argumentar ou convencê-la a desistir de suas necessidades. Só
então faça a sua proposta, levando em consideração o que a outra pessoa precisa ou quer da situação. Se ela não a aceitar, convide-a a sugerir uma solução diferente. Eis algumas soluções típicas de um acordo negociado: “Do meu jeito desta vez; do seu na próxima”; “Quando eu fizer é do meu jeito; quando você fizer é do seu”; “Se você fizer (...) por mim, eu faço (...) por você”; “Uma parte do que você quer, uma do que eu quero”; “Tente do meu jeito, por uma semana e vejamos. Se você não gostar, voltamos do jeito antigo”; “Vamos rachar a diferença”.
Na negociação seja um ouvinte ativo, fazendo perguntas, esclarecendo, dizendo com suas próprias palavras o que entende ser a posição da outra pessoa. Não tenha medo de ouvir nem de ser simpático à visão que ela tem da situação – isso não o obriga a concordar nem a aceitar a perspectiva dela. Ao fazer sua proposta seja criativo e flexível, e se possível, rompa as regras e as tradições limitadoras.
Não se esqueça que aqui o seu objetivo é entender a posição da outra pessoa e encontrar um meio termo com o qual as duas partes possam conviver. Você até pode dizer: “Eu realmente quero (...). Isso é muito importante para mim. O que seria preciso eu fazer para você desta vez achar que vale a pena como eu quero?” Vá e volte várias vezes, ouvindo, esclarecendo, propondo alternativas, até ambos chegarem a uma solução compartilhada.
Se o seu histórico de brigas difíceis é longo, ou se antes sua postura foi intimidadora e enraivecida, pode ser difícil começar a negociar agora. A outra pessoa talvez precise ser reassegurada de que você a ouvirá.
Tente esclarecer o motivo da resistência com uma conversa aberta. Talvez ela se sinta mais segura se você estipular alguns limites práticos como um tempo predeterminado, ou um acordo explícito prévio de não brigar nem gritar, ou mesmo ter, durante a negociação, a presença de uma terceira pessoa neutra.
Fonte: www.tania.psc.br
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