segunda-feira, 5 de março de 2012

O que fazer quando se é traído?

O significado de traição varia de casal para casal. Cada pessoa tem uma singularidade e por mais que histórias de vida possam assemelhar-se, o mundo interior de cada um se configura de modo muito particular e único. Sendo assim, num relacionamento afetivo, surge o terceiro sujeito, que é a soma da união de dois. Este se configura de modo diferente em cada relacionamento e é o que trará o colorido específico da relação. Isso ainda inclui conceitos e regras sobre o que irá significar traição para este casal, bem como o tipo de conduta imaginada, no caso de acontecer.

Via de regra, todo casal deveria prestar muita atenção em tudo o que é falado pelo parceiro no início de um relacionamento. A personalidade de cada um se expõe a cada momento. Saber ouvir e registrar é uma arte. Saber se posicionar conscientemente também é de extrema valia. Como diz o dito popular: "tudo que é combinado antes não é caro!"

Como a identidade do adolescente ainda está em formação, é comum que o mesmo, apesar do intuito de querer viver um amor mais comprometido, seja assolado por suas buscas de conhecimento de si próprio através do sexo oposto. Outra demanda que ocorre em nossa atualidade passa pelo efêmero de tudo que é oferecido. Muitas vezes, as escolhas afetivas confundem pessoas com coisas. Espera-se que nesta busca, em algum momento, as coisas tornem-se pessoas reais para o experimentador e que, deste modo, ele também possa se situar na categoria do Ser e não do ter.

Muitos são os motivos que podem levar à traição. Desde um padrão de comportamento repetitivo e sem controle, até circunstâncias difíceis de lidar quando se está num relacionamento que deixou de fazer sentido, ou mesmo onde muitas coisas deveriam ser mudadas e não se encontra força nem espaço para que tal intento se defina.

Em situações estáveis, pode-se até pensar em crise de um dos parceiros. Por outro lado, no momento em que alguma sedução externa encontra espaço, o pensamento é que, de algum modo, não está acontecendo satisfação suficiente na vida afetiva, mesmo que esse fato não seja consciente. Nesses casos, se existe conflito interior deflagrado com difícil solução, a dica é a busca de auxílio terapêutico.

Saber observar se o parceiro está sendo ou não sincero, quando o mesmo apresenta uma desculpa para o motivo da traição, muitas vezes não é suporte eficiente para que o efeito da mesma seja relevado. Às vezes, leva muito tempo para que a situação se normalize e não há como mudar o sentimento que fica. O que se fazer com esses sentimentos é a grande questão.

Sabe-se que cada caso é um caso, quando se fala em traição e não é sempre que os dois têm culpa. Se estivéssemos vivendo há 50 anos, a traição do homem em relação à mulher seria no mínimo mais aceitável. Hoje em dia, sabemos que já não é mais assim, tanto homens como mulheres correm o risco de serem traídos e de sofrerem em igual medida.

Não existe fórmula mágica para não ser traído. Existem pessoas que têm funcionamento emocional que não atrai esse tipo de situação em suas vidas, assim como existem pessoas que o fato de não traírem nunca chega a ser uma questão para elas.

Se o tema traição ocorrer e se isso afetar de modo importante, algo sério deve ser feito para que a situação possa ser totalmente redimensionada.

Sempre é possível perdoar uma traição, mas para que isso ocorra é necessário saber se de fato há disponibilidade para esse intento e se existe condições para uma renegociação afetiva da dupla. Se a questão ficar limpa de verdade, os dois certamente poderão seguir adiante. Sobrando algum ruído emocional, nas entrelinhas, apenas concordar em dar chances para que o relacionamento dê certo, pode possibilitar a ativação de sentimentos obscuros não processados e contaminar negativamente a relação.

Por outro lado, se a decisão de ambos é de tocar para frente, compreender que, na retomada da relação, é natural que aconteça estranhamento até que tudo se normalize.
Se houver sincero reconhecimento do motivo pessoal da traição e, dependendo da história de vida de cada um, sempre haverá chance de um novo recomeço.

Como sugestão, uma conversa desarmada do tipo "lavar roupa suja" vale a pena... Assim como estabelecer de modo claro, para ambas as partes, regras claras a seguir.

Em geral é muito difícil perdoar uma traição por todo ideal de parceria envolvido. A desilusão e a possível falência do todo investido costumam ter um peso importante. Estes fatos podem gerar desestruturação emocional bastante severa.

Portanto, evite agir por impulso e, se acaso for trair, faça bem feito e, na melhor das hipóteses, abstenha-se. Traição pode ser desastrosa e avassaladora para ambos. Por mais que imaginemos, nunca poderemos saber ao certo o tipo de reação emocional numa situação desta ordem. Respostas negativas podem surgir sem controle e de modo cego, inclusive, ser acometido por depressão, fúria, apatia, culpa e outros. O fato é que nunca se passa incólume nessas ocasiões. Sempre de algum modo somos afetados. Tanto quem trai, como quem é traído.

Interessante alertar também que o fato de ter acontecido uma traição não significa que sempre ocorrerão novas traições. Apenas deve-se ficar atento e conversar bastante se a intenção for permanecer na relação, afim de que ambos possam compreender o que houve e seguir adiante.

Outra dica é a atenção redobrada no que é comunicado no início do envolvimento... Se o parceiro der alguma dica, mesmo que sutil sobre uma provável tendência à infidelidade, esclareça de imediato e pondere.

Se a traição rolar mais de uma vez, cabe a você buscar entender com clareza o que está acontecendo em seu cenário e decidir o que e como deseja seguir sua vida.

E, para finalizar, se todos souberem da traição, ambos podem passar por momentos de constrangimento perante amigos, familiares e conhecidos, mas a constância da relação apaga o peso do ocorrido podendo, inclusive, servir de exemplo de situações que podem ocorrer na vida de todos...



Por: Silvia Malamud (Stum)
Imagens: google.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário