domingo, 29 de janeiro de 2012

Mania de doença

As pessoas que se esquivam de um comportamento mais natural e comum estão escondendo alguma coisa ou se defendendo de algo que não querem deixar transparecer. O hipocondríaco é uma pessoa normal, mas sempre tem algo a esconder, porque lhe é mais fácil fugir de um problema do que assumir os próprios limites.

Hipocondríaca é a pessoa que tem mania de doença, vive com a bolsa cheia de vidrinhos e envelopes, toma todo tipo de remédio que julga lhe fazer bem e se constitui na felicidade das farmácias, porque além de se automedicar, receita remédios para as doenças dos outros. Está sempre se sentindo mal e, conseqüentemente, nunca tem disposição para nada. Só que as doenças são fantasias de sua cabeça, um subterfúgio para ocultar uma verdade que não quer ver, aceitar ou administrar.

O hipocondríaco nunca deixa de trabalhar porque é fraco, preguiçoso ou porque está na fossa. Não. Ele telefona para o chefe e alega estar com dor de cabeça. Mas uma simples dor de cabeça para eleja é indício de um tumor cerebral. A dor até existe, pois a força da mente tem o poder de provocá-la, mas o medo de que seja um tumor deixa-o prostrado. Não vai trabalhar, como se quisesse dizer a todo mundo: "Vocês devem me respeitar, porque estou sofrendo muito". E essa imagem que quer passar todas as vezes em que se diz doente. O desejo dele é ser notado desta forma.

Para o hipocondríaco, só a doença e a dor dele têm valor, nunca a dos outros. Esse modo de proceder indica lima fraqueza mal administrada, consciente ou inconsciente, que a pessoa não quer aceitar. Os que percebem esse seu lado negativo e não reagem são fracos: não procuram ajuda e se acomodam como vítimas.

O caminho do bem, da luta, da busca é difícil para todos. Mas o hipocondríaco é alguém que encontra obstáculos pela frente e, em vez de superá-los e ir adiante, pára, com pena de si mesmo. E defende-se das críticas e também de si, utilizando como desculpa a doença.

Cada dia tem uma dor nova: dói o fígado, o rim, a coluna, a cabeça e assim por diante. Nunca está bem aos olhos dos outros, porque tem medo de que lhe cobrem as atitudes normais de todo ser humano que convive com os altos e baixos da vida e, não obstante, segue em frente.

Uma pessoa com mania de doença torna-se chata, estraga o prazer de todo mundo. Está sempre triste, problemática, indisposta. E o que é pior, ninguém sabe como tratá-la. Quer sempre estar em evidência, mas se justifica disso escondendo-se atrás de uma doença. Não só. É incapaz de dizer não a alguém, porque não tem coragem para tanto. Mas se esquiva dos deveres, principalmente os que mais lhe custam, dizendo-se doente, para que todos tenham pena dela e não lhe exijam nada. Nunca tem deveres, e quando se sente cobrada, agride todo mundo, porque pensa ser mais importante do que o que lhe foi cobrado. Mais que tudo é egocêntrica e não admite que alguém seja mais doente do que ela. Numa palavra, o hipocondríaco se compensa de seus distúrbios através da doença.

REAÇÕES

O homem vive em busca de felicidade. Cada um procura arregaçar as mangas e batalhar, seja no aspecto afetivo, profissional, pessoal. Nada se consegue gratuitamente. Para as pessoas que acreditam em Deus, torna-se mais fácil compreender que estamos nesta vida dependente da matéria para crescer e progredir. As pessoas fortes choram, sofrem, se desesperam, têm tristezas, mágoas, revoltas, mas dentro desse quadro reagem, porque sabem que nem todos os dias serão iguais. Os fracos, não. Escondem-se atrás de escudos para proteger-se e justificar a própria fraqueza. O hipocondríaco é um caso desses: refugia-se na doença para não ter de batalhar pela vida.

Existem várias causas que contribuem para uma pessoa chegar a esse ponto. Pode ser um complexo de inferioridade, um desvio de comportamento, falhas na educação etc. Mas quem apresenta tais limites na maioria das vezes não tem consciência de que é assim. Por isso, precisa ser ajudado a entrar em contato com seu lado fraco e a descobrir a razão pela qual esconde sua verdade, natureza, personalidade, e o que o bloqueia para utilizar-se da doença como uma arma a fim de defender-se dos outros e da vida.

Conviver com uma pessoa que não tem ânimo nem garra para nada, que só fala de si, de suas doenças, e só dá valor à sua própria dor torna-se uma tortura. Ajudá-la com tratamentos adequados pode ser a solução. Porém, se não der resultado, é preferível deixá-la viver a própria vida, mas sem permitir que sua influência negativa recaia sobre outros membros da família, tolhendo-lhes a liberdade.

No fundo, o hipocondríaco é uma pessoa frágil interiormente, que está sempre com cara de doente, chamando a atenção sobre si, mas tentando encobrir aquilo que lhe dói de verdade no eu e contra o qual não tem coragem nem forças para reagir sozinho. Mais que tudo, é preciso ajudá-lo a tomar consciência de seu estado.



Por: Maria Helena Brito Izzo
Fonte: Revista Família Cristã

Imagens: google. com


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