Independentemente da situação em que aqui chegamos, seja em um corpo e mente perfeitos ou limitados por complexas deficiências, a energia que nos envolve chamada vida deve fluir livremente no dia a dia de nossa existência.
Na vida, tudo tem uma razão de ser ou de acontecer. Nada acontece por acaso ou sem explicação e sentido. Se hoje viemos com saúde perfeita, mas não aproveitamos a oportunidade para evoluir como indivíduos voltados para a prática do bem e do amor fraternal, amanhã poderemos vir com comprometimentos físicos ou mentais que servirão como aprendizados para que não reproduzamos experiências que por intermédio de nossas escolhas pretéritas - pela lei do livre arbítrio -, trouxeram-nos consequências atuais pela lei de causa e efeito.
Às vezes, contatando com pessoas portadoras de limitações mentais, percebemos em seus semblantes, através de significativa expressão do sorriso ou olhar, o fluir da vida, do aprendizado e da resignação consciente que o momento existencial lhes impôs. A mesma sensação temos quando observamos o portador de limitações físicas, com muita garra, determinação e consciência de sua situação, desafiar a vida com a expressão de seu talento artístico ou profissional.
A vida é crescimento... é um fluir permanente que leva-nos ao ponto que desejamos chegar, basta-nos para isso, termos a clareza necessaria de que certas limitações não são obstaculos intransponíveis, e sim, mais um desafio que a vida costuma oferecer-nos para que possamos lutar pelo objetivo almejado.
A busca do equilíbrio vital, baseado no desenvolvimento harmonioso de energias que nos impulsionam para a expressão de potencialidades ainda latentes em nós, é o principal objetivo do espírito encarnado. No entanto, paradoxalmente, são pelas sucessivas experiências vitais baseadas na energia do desequilíbrio, que retornamos para retomar o nosso crescimento a partir do ponto em que paramos no processo de aprendizagem.
Liberar conscientemente o fluxo vital através da transparência de nossas atitudes diante da vida e, a partir do ponto onde no passado cortamos essa fluência natural, é um permanente desafio nessa escola de aprendizes em que estamos temporariamente "matriculados".
São muitos os desvios no caminho do progresso espiritual. O orgulho, o egoísmo, a ambição a qualquer custo, a prepotência e o sentimento de revolta contra os desígnios da vida, entre outras inferioridades inerentes à natureza humana imperfeita, fazem do espírito um ser afastado de seu foco de luz e à deriva na imensidão do universo.
Contudo, nunca é tarde para resgatarmos a luminosidade desse facho de luz que encontra-se perdido no labirinto de nosso passado-presente. E a vida é a oportunidade que se renova como meio de recuperarmos o tempo perdido com os desvios do caminho evolutivo.
RELATO DE CASO
Lembro-me de um caso em que uma jovem cheia de vida, inteligente e estéticamente muito bonita, procurou-me queixando-se de uma enxaqueca que a deixava prostrada em uma cama quando manifestava-se a crise de fundo emocional. Após algumas sessões de psicoterapia, associado a um tratamento floral específico para o caso, fomos para a experiência regressiva.
Na revivência, a jovem viu-se como uma pessoa cuja saúde era debilitada. Conforme seguia o seu relato, era ínício do século XX e ela morava em uma mansão onde os pais, pessoas influentes da sociedade local, costumavam promover banquetes e recepcionar convidados especiais.
Ainda muito jovem, prostrada em uma cama e dependente de criadas para sobreviver, ela via a sua vida passar com resignação e estoicismo de quem luta para não esmorecer. E da sacada de seu quarto ou de outras dependências da casa, levada pelas suas cuidadoras, costumava deslumbrar-se com a natureza representada pelo canto dos passarinhos, o bailado das borboletas multicoloridas e pela beleza das flores e árvores que davam acabamento à pintura natural dos jardins da mansão.
Na sequência, conforme relato do "filme" de sua vida pretérita, uma intensa emoção envolveu-a, a ponto da catarse expressar-se naturalmente, pois fora uma vida difícil, com sérias limitações físicas e mentais, mas que nem por isso deixara de lutar por ela. Desencarnou cedo, ainda jovem, com o sentimento de ter cumprido com dignidade a sua provação.
COMENTÁRIO
Na vida atual, repleta de tentações que colocavam em prova a sua capacidade de discernimento, começava a emitir sinais de desequilíbrio que manifestava-se em forma de crises de enxaqueca que a sintonizava às sensações daquela vida de provações.
A jovem reencarnara num corpo e saúde perfeitos. Contudo, pelo livre arbítrio, deixara-se seduzir pelas artimanhas de prazeres que começavam a afastá-la cada vez mais do rumo de seu equilíbrio vital, objetivo principal de sua nova experiência reencarnatória...
Deixar a vida fluir, é ter consciência de seu verdadeiro significado e do que a experiência representa no momento em que existimos através de uma nova forma corporal. Deixar fluir a vida, é não interromper o seu fluxo pela liberação inconsequente de energias que, ao sintonizarem com o remoto passado, farão com que forças atávicas eclodam como a energia de um ativo vulcão.
No final do tratamento, com a associação da psicoterapia interdimensional, a terapia floral e o fator terapêutico da experiência regressiva, a jovem paciente recebeu alta olhando a vida com o olhar de quem está vendo além das fronteiras da ilusão sensorial que a cegara até aquele momento de sua experiência vital. Se as suas idas e vindas ao consultório servirem para uma conscientização e respectiva tomada de atitude em relação às causas de seu desequilíbrio vital somatizado em crises de enxaqueca, ela estará assumindo o propósito de sua encarnação que é deixar a vida fluir de uma forma natural, perceptiva e equilibrada.
Por: Flavio Bastos
Imagens: google.com
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