domingo, 3 de julho de 2011

● Pequenos gestos, grandes avanços

"Não façais aos outros o que não quereis que os outros vos façam, mas fazei, pelo contrário, todo o bem que puderdes". (Jesus Cristo).

Geralmente, quando fizemos algo errado, um alerta parece acender em nosso interior nos cobrando a atitude que tivemos em relação ao outro. O nome desse mecanismo pelo qual experimentamos o sentimento de culpa é a consciência, que é a faculdade que nos permite o conhecimento e a avaliação do que se passa em nós mesmos e à nossa volta. É tambem a capacidade de julgarmos os próprios atos do ponto de vista moral e ético.

Sabemos, pela ótica da imortalidade da alma, que a culpa nos acompanha à medida que insistimos na prática de pequenos (ou grandes) gestos que irão, de uma forma ou de outra, prejudicar alguém, seja através de atos praticados ou até mesmo de comentários maldosos, julgamentos e "sentenças condenatórias".

A raiz do mal não se encontra no "inferno" ou no umbral. Lá encontramos o resultado da prática dessa energia nociva, que sem percebermos, acumulamos durante a trajetória vital. O mal, portanto, é a energia que geramos pela soma de atitudes potencialmente destrutivas - em menor ou maior grau - contra o semelhante e contra nós mesmos.

Em relação à existência do mal entre nós, somos todos comprometidos em maior ou menor grau, pois, para praticá-lo basta-nos as escolhas de consequências desagradáveis que passam pelo livre arbítrio, como por exemplo, o descompromisso com situações que, por dever ético ou moral, temos a nossa parcela de responsabilidade. Por esse motivo, a existência da dor e do sofrimento entre seres que há séculos buscam algo que explique as raízes das patologias físicas e mentais, ou da miséria e riqueza material, entre outras abismais diferenças entre semelhantes...

No entanto, não nos damos conta que a raiz de nossos infortúnios encontra-se em nós mesmos, ou seja, que é um padrão comportamental que vem se repetindo vida após vida e do qual não conseguimos nos libertar. Não percebemos que a libertação a qual almejamos, encontra-se a partir de pequenos gestos ou atitudes que tomamos em benefício do outro e de si próprio, como o gesto de carinho, a atenção dispensada e o olhar voltado para a relação construtiva com o semelhante.

Assim, como durante séculos "construímos" o mal que hoje nos aflige, podemos, através de pequenos gestos diários alicerçados na energia do bem, providenciar a gradual eliminação da energia negativa responsável pelo nosso "cativeiro" vital. Nesse sentido, lembremos o espírito Fénelon em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", quando alerta-nos sobre o embotamento da sensibilidade: "Não acrediteis na esterilidade e no endurecimento do coração humano, que cederá, mesmo de malgrado, ao verdadeiro amor. Este é um ímã a que ele não poderá resistir e o seu contato vivifica e fecunda os germes dessa virtude que estão latentes em vossos corações".

Em épocas distintas, tanto Jesus Cristo como Buda, entre outros espíritos iluminados que por aqui passaram deixando as suas edificantes mensagens de vida e amor, foram unânimes em nos alertar sobre a necessidade de erradicarmos o mal pela prática do bem. E que tanto o mal quanto o bem são potencialidades inerentes ao ser humano e que se definem conforme as escolhas que fazemos através de pensamentos e atos conscientemente praticados...

É, portanto, através da soma de pequenos gestos genuinamente construídos no cotidiano de nossas vidas que atingimos consideráveis níveis de conhecimento e de elevação consciencial. A evolução espiritual conquista-se passo a passo através de pequenos e grandes avanços, pois, à medida que processamos em nosso "eu" a erradicação da maldade, percebemos que gradativamente avançamos rumo à libertação de nossas próprias inferioridades.

Contudo, o caminho é difícil e muitas vezes dificultado pelas nossas limitações misturadas às sedutoras tentações que emanam da dimensão material em que estamos naturalmente inseridos. Alguns perseveram e seguem adiante na sua caminhada evolutiva, outros desistem e param no meio do caminho. No entanto, a prova é essa e a vida é uma escola em que podemos ser "bons" ou "maus" alunos em relação ao "currículo" que carregamos e as aprendizagens necessárias para passarmos de ano. Mas vale à pena tentarmos, porque um simples passo que seja... já é um passo dado em direção à autocura e ao objetivo principal da existência do espírito: a sua verdadeira liberdade.




Por: Flavio bastos - Somos todos Um
Imagens: google.com


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