Enquanto nos deixamos guiar unicamente pelo Ego, nossa vida é insatisfatória, porém, mesmo com isto, existe um ponto "bom" dentro disso: temos a sensação de que nossa vida tem um sentido de ser. Com o domínio do Ego, estamos sempre em busca de algo e acreditamos saber o que estamos buscando; enquanto estamos nessa busca, bem ou mal, acordamos todos os dias e nossa mente já se direciona ao nosso objetivo. Independentemente de estarmos satisfeitos com a busca ou angustiados pela dificuldade em alcançar o que buscamos, o que nos importa, inconscientemente, é termos um motivo para viver.
Acordamos, passamos o dia em nossa rotina e vamos dormir, pensando em nossas possibilidades, frustrações, intenções, erros e estratégias, tudo na tentativa de alcançarmos nosso objeto de desejo. Esta movimentação nesta busca faz com que tenhamos medo, tristeza, esperança, frustração, renovação de esperança, fracasso, vontade de ir em frente, vontade de desistir, enfim, não importa o que acontece dentro de nós, se algo bom ou ruim, o que importa para nosso Ego, é que tenhamos algo com que nos ocupar, algo para pensar, desejar, algo que traga um "sentido" para nossa vida.
Porém, como isto ocorre a partir das determinações do Ego, tornamo-nos incansáveis buscadores, mas nunca alcançamos nossos objetivos. Não na forma real e divina, pois são objetivos "falsos", provenientes do Ego, portanto, o alcance é igualmente falso, o que, conseqüentemente, nunca nos traz as sensações de prazer que esperamos ter. Mas quando o anseio é proveniente da Alma, a busca é equilibrada e a conquista sempre traz satisfação plena.
Mas como não nos ensinaram que devemos buscar os anseios de nossa Alma (pois "eles" também não sabiam), a partir do momento em que nascemos, vamos "nos ajeitando" como podemos, vamos agindo e reagindo ao mundo, tirando conclusões distorcidas, criando estratégias de sobrevivência, criando desejos falsos e vazios, enfim, fazemos tudo a partir das necessidades do Ego, de acordo com aquilo que ele entende sobre as nossas experiências de vida, e de acordo com as escolhas que ele acredita serem adequadas a nós. Porém, chega um momento em nossa vida, em que se saturam todas as nossas capacidades de ficarmos à mercê do Ego, momento em que nosso Espírito precisa se manifestar e se impor para começar a assumir o comando de nossa vida, assim, ele promove circunstâncias de vida "adequadas", na intenção de nos guiar ao seu encontro, sobrepondo-se ao Ego, seja "pelo amor ou pela dor".
Neste ponto, começamos a nos questionar, a querer mais da vida e a buscar mudanças e, consciente ou inconscientemente, somos levados ao caminho do autoconhecimento. Se resistimos a isso, ficamos aprisionados em nossos tormentos e nos perdemos no desequilíbrio. Porém, se aproveitamos esse momento e nos deixamos guiar ao autoconhecimento, com consciência e responsabilidade, descobrimos muito de nossa realidade interna e começamos a perceber que fizemos muitos movimentos em vão, na busca por objetivos ilusórios e que muito nos custaram em dor e sofrimento.
Isto faz com que desejemos abandonar esses ideais e vontades do Ego, isto tudo passa a não ter mais função e a não fazer mais sentido em nossa vida. Enquanto havia o domínio do Ego, sem que nos conscientizássemos disso, tínhamos todas as motivações possíveis para "querermos viver", mas a partir do momento em que descobrimos que esses desejos que perseguimos até hoje, não são nossos reais desejos, deixamos de desejá-los e abrimos mão deles, porém, diante disso, inevitavelmente um vazio se instala.
A sensação é maravilhosa, não há sofrimento, não há desespero, não há movimentos intensos. Só há paz. Mas tanta paz, para quem vivia em luta, acaba sendo algo muito estranho. A luta era horrível, mas tínhamos uma motivação para levantar da cama e prosseguir. Agora, com esse vazio, parece que não temos mais motivação para levantar da cama. E pensamos: meu Deus, minha vida está totalmente sem sentido!
De repente, sentimos que não queremos nada, não há desejo dentro de nós. Pra que acordar? Qual o sentido que existe em levantar para viver a vida de forma tão básica, sem gosto, sem... nada...?
Isto ocorre porque saímos da vibração de vida frenética e alcançamos um patamar acima, onde nossa freqüência vibracional se elevou, ficou um pouco mais sutil e isso fez com que tudo à nossa volta nos pareça vazio e sem sentido. Mas nossa freqüência está pronta para entrar em sintonia com os anseios de nossa alma, porém, nossa mente ainda está ligada ao que ela sempre fez, com as referências do modelo anterior baseado nas necessidades do Ego. Neste momento, tudo fica mesmo muito estranho, pois pela vibração elevada, não conseguimos mais nos identificar com as vontades do Ego, tudo o que sempre desejamos passa a não fazer mais sentido, ao mesmo tempo em que continuamos a querer sentir os mesmos impulsos de antes. Há conflito interno.
Nesse novo momento, não conseguimos saber o que de verdade queremos, ficamos tão presos às referências anteriores de desejos, que não conseguimos despertar para a nova realidade: a nossa vida está sem sentido, porque estamos tentando resgatar o sentido falso que havia antes. E não vamos conseguir resgatar esse sentido e nem devemos tentar, a menos que desejemos regredir.
Então, nossa única saída, no momento da constatação, é aceitarmos que nossa vida ESTÁ SEM SENTIDO. Com esta aceitação, relaxaremos e isto trará uma quietude interior. Dentro disto, conseguiremos atingir um ponto de Deus que há em nós, o que fará com que apenas desejemos encontrar o sentido verdadeiro de nossa vida, aquele que vem de nossa Alma. Quanto mais aceitarmos a sensação de "vida sem sentido", mais relaxaremos e mais seremos conduzidos ao encontro de nossa essência divina.
Ao atingirmos esse lugar, deveremos aguardar tranquilamente, mantendo o desejo de conectarmos os anseios de nossa alma e com o sentido de nossa existência. Aos poucos, começaremos a desejar de novo, mas não aquele desejo intenso e ansioso, mas um desejo tranqüilo, que nos levará a termos vontade de "levantar" para ir em busca da realização desse desejo, mas tudo acontecerá de forma suave, tranqüila. Esta suavidade fará com que logo consigamos conquistar nossos objetivos e nos aquietaremos novamente. Neste lugar calmo e sereno, a Alma fará aflorar os próximos desejos, juntamente com todas as ferramentas necessárias para alcançarmos esses desejos.
E assim prosseguiremos, sem ansiedade, sem buscas intermináveis, mas plenos de vontade e motivações. Porém, estas serão em outro nível, apenas sentiremos a vontade necessária para nos impulsionar e nos motivar a viver com satisfação.
A partir disto, nossa vida passará a fazer sentido, mas este, para ser compreendido, precisará ser vivido...
Por: Teresa Cristina Pascotto (Stum)
Imagens: google.com
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