quarta-feira, 24 de julho de 2013

Inteligência e burrice emocional

"A inteligência é feita por um terço de instinto - um terço de memória - e o último terço de vontade." (Carlo Dossi)

A inteligência emocional é o conjunto de habilidades de uma pessoa para interagir com o meio ambiente. O cérebro é dotado de áreas altamente especializadas no gerenciamento da vida. Entre estas áreas estão as que coordenam as emoções primárias, que são inatas, não carecem de raciocínio e são responsáveis pela preservação da vida. Isso significa que o sistema nervoso está programado para reagir a determinados estímulos. Um desses centros especializados é o sistema reptiliano ou complexo “R”, cuja função é criar ações instintivas, como por exemplo, correr diante de uma explosão, esquivar-se de algo que cai sobre si, etc. O sistema límbico, conhecido como o centro das emoções é a central que processa todas as substâncias químicas que comunicam ao corpo sobre que tipo de emoção está em andamento.

O sistema emocional é ativado através de uma intricada ramificação eletroquímica que percorre circuitos de neurônios e sinapses, partindo da percepção do indivíduo, de um fato externo ou fruto de suas memórias ou imaginação. A amígdala cerebral é a fábrica das emoções, mas é a percepção de determinada emoção e o significado atribuído a ela pela pessoa, de acordo com a associação dessa emoção ao contexto e suas experiências subjetivas, que determina o impacto que ela produzirá nessa pessoa. Impacto esse que pode ser “interpretado” como algo positivo ou negativo. As emoções que fogem ao acervo das primárias são uma combinação daquelas e se denominam de emoções complexas. Cada pessoa sente e responde a determinada emoção à sua maneira e essa maneira determina o quão inteligente ela é ou deixa de ser.

Essa habilidade de lidar com as emoções é fator crítico do fracasso ou do sucesso. A questão é: como gerenciar as emoções de modo produtivo?

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A inteligência como um conceito, pode ser definida como a capacidade mental de acessar informações, raciocinar, associá-las, planejar, resolver problemas, abstrair idéias, compreender idéias, linguagens, aprender e transformar. Note que todo o processo descrito até aqui envolve sistemas que passam despercebidos à racionalidade, mas que são fundamentais, inclusive a ela. Toda e qualquer inteligência, seja ela formal (QI) ou emocional (QE) é uma experiência sensorial, fisiológica e, claro, neurológica.

Enquanto criança que inicia sua jornada rumo à individualidade o sujeito depara-se com obstáculos em que a seus instintos funcionam no automático e isso é natural. Uma criança que engatinha e depois anda tem, nesses atos, suas primeiras ferramentas de exploração do mundo. Quando ela depara com algo que pode causar-lhe danos o sistema de alerta é ligado, fazendo com que ela se livre de tal. Pode ser a porta quente do forno do fogão. Ao aproximar sua mãozinha o calor funciona como o disparador do sistema de defesa que, por sua vez, aciona os circuitos que disparam a ação de afastamento da mão daquela superfície. A criança não precisa raciocinar para fazer isso. Mas se nesse momento um adulto aparece e grita “Afaste-se isso é perigoso” a criança se assustará e associará essa experiência ao seu aprendizado. Por isso Antônio Damásio denomina as emoções complexas de emoções adultas. Adultas porque são carregadas de significados, oriundos da experiência acumulada da vida da pessoa, incluindo suas crenças e seus valores, bem como seus critérios de seleção de mundo.

Antônio Damásio, neurocientista renomado, autor de livros como “O Erro de Descartes” e “O Mistério da Consciência” considera ainda que existam três tipos de emoções: as de fundo, que são mais vagas, como o entusiasmo ou o pessimismo, as primárias, que são mais pontuais, como a tristeza, o medo, a raiva ou a alegria, e as sociais, que são um resultado sócio-cultural, como a compaixão, a vergonha ou o orgulho. Ele enfatiza que o que faz as emoções terem significado é o sistema nervoso, através de estímulos que as desencadeiam, como no exemplo da criança, mencionado acima.

Os aprendizados comportamentais, como todos os outros, são experiências neurosensoriais, que envolvem as áreas especializadas do cérebro no processo de lidar com as experiências individuais. Fazem parte da estrutura subjetiva os filtros que eliminam significados das experiências, as distorcem e generalizam. No exemplo da criança, a eliminação pode ser no sentido de que aquele aprendizado a respeito de não tocar em portas de fornos acessos seja desconsiderado e distorcido como sendo algo perigoso e que, se for generalizado pela vida pode tornar a pessoa incapaz de usar o forno como um instrumento de sua cozinha, porque fornos são perigosos.

A inteligência emocional consiste no desenvolvimento de habilidades que permitam à pessoa identificar esses padrões e contextualizá-los, separando as intenções dos comportamentos. O medo é um dispositivo de segurança, mas que, se generalizado, pode causar danos enormes ao desenvolvimento de uma pessoa. Temer algo significa avaliar as circunstâncias e direcionar o comportamento eficazmente, de modo a lidar com aquilo de maneira satisfatória. Isso significa que sentir medo ou insegurança tem por trás uma intenção positiva, que significa um alerta sobre um determinado comportamento que se faz necessário naquele contexto, por exemplo, tomar cuidado com a superfície quente do forno e usar a parte da tampa que é apropriada para abri-lo.

Quando as emoções são tomadas como a experiência e não como uma parte desta, a pessoa se torna “burra emocionalmente” e se converte em refém emocional. A inteligência emocional se desenvolve através de interações produtivas, da pessoa com o meio e com as demais que dele fazem parte. Quanto mais inteligentes emocionalmente forem essas pessoas, mais contribuirão para o desenvolvimento da inteligência das demais. No artigo “De bem intencionados o inferno está cheio” mencionei os aspectos pertinentes às intenções positivas e os comportamentos destrutivos, que são em essência, deseducadores emocionais.

Não existem receitas de como desenvolver a Inteligência Emocional de modo mágico, como engolir a pílula azul da IE. Mas uma das formas mais inteligentes de se fazer isso é conhecendo os mecanismos geradores dos aprendizados comportamentais. E, até o momento, a forma mais eficaz para se fazer isso é através da Programação Neurolinguística – PNL. O que pode ser alcançados através de um bom curso, de um programa de coaching ou das duas coisas juntas, inclusive para quem pretende ser um educador emocional, preparado para ser mais inteligente emocionalmente e capacitado para ajudar outros a serem também.

Por: Aguilar Pinheiro
http://cursocoachingpnl.com.br/ler_artigos.php?id_ler=86


Imagens: google.com


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