Diariamente alguém vem a mim propagando a sua religião como a certa e o seu Deus como o único verdadeiro. Não é preciso dizer que, para essas pessoas, as outras religiões ou ‘seitas’ estão erradas. Mas, será que existe uma religião correta?
Tenho amigos e clientes católicos, espíritas, da União do Vegetal, do Santo Daime, do Yoga, do Aikido, discípulos do Osho, do Sai Baba, de Krisna, Xamãs, protestantes, ateus, etc. Qual será, então, a filosofia ou a doutrina verdadeira?
Quando eles pedem minha opinião, digo simplesmente: enquanto a sua religião, sua crença ou sua filosofia de vida estiverem lhe fazendo bem, fique com ela. Ela é a correta para você. Quando ela não estiver mais lhe acrescentando nada, saia ou mude para outra. Através da sua experiência com diversas religiões, você vai perceber que a religião em si não é a meta. A meta é atingir a sua religiosidade intrínseca, independente de todas as religiões. E para isto é importante experimentar e ao mesmo tempo, duvidar do que dizem todas as religiões.
Vou colocar algumas idéias para que você busque as suas próprias conclusões.
Esta semana vi um DVD do professor Laércio Fonseca, sobre Física Quântica e Espiritualidade. Ele é espírita e vidente. Em uma das partes desse vídeo ele prova a existência de Deus através de fórmulas como E=mc2. A teoria dele é muito boa. Ele demonstra cientificamente a existência de campos energéticos e como esses campos interagem entre si.
Esta semana vi um DVD do professor Laércio Fonseca, sobre Física Quântica e Espiritualidade. Ele é espírita e vidente. Em uma das partes desse vídeo ele prova a existência de Deus através de fórmulas como E=mc2. A teoria dele é muito boa. Ele demonstra cientificamente a existência de campos energéticos e como esses campos interagem entre si. Isto é: ele mostra que todos nós estamos interagindo a cada instante, tendo ou não consciência disso. Mostra, também, através de fórmulas matemáticas, a existência de vários níveis de consciência e como esses vários níveis estão todos coexistindo ao mesmo tempo.
Tudo certo! Mas concluir daí que Deus existe, acho que foi querer um pouco demais. Na verdade, ele poderia, com a mesma teoria, concluir e provar a inexistência de Deus. Porque, se Deus é o somatório de todas as consciências nos seus múltiplos universos, por dedução lógica, Deus não existe. Se Deus é tudo, isto prova simplesmente a inexistência de um Deus individualizado.
Trazendo essa questão não estou querendo absolutamente provar que estou correto. Quero apenas levantar questões para que sejamos mais inquiridores, mais inteligentes e não acreditemos numa primeira dedução lógica. Na verdade acredito que cada um de nós deva tirar suas próprias conclusões individualmente. Aí sim, teremos um mundo de indivíduos. Cada um vivendo a sua própria consciência individualizada.
O grande "mal" de todas as religiões é simplesmente que elas querem se apropriar da "verdade". Mas eu pergunto: a quem pertence a verdade? Você já se fez essa pergunta? Minha percepção é que enquanto estivermos seccionando a verdade em facções com nomes e teorias diferentes, ainda estaremos vivendo no campo do ego e das crenças. A verdade, na minha percepção, está muito além de todas as crenças e de todos os mandamentos. Enquanto se criarem regras e filosofias para definir a verdade, estaremos vivendo numa grande mentira.
Osho nos fala sobre a verdade:
"É uma coisa estranha que a verdade não seja democrática. Não será decidido por votações o que é verdade ou não; senão nunca poderemos chegar a qualquer verdade, de forma alguma.
As pessoas votarão naquilo que é confortável, e as mentiras são muito confortáveis porque você não tem que fazer nada com elas, você só tem que acreditar. A verdade precisa de grande esforço, descoberta, risco... e caminhar sozinho por um caminho que ninguém jamais viajou antes."
Mas, volto a enfatizar o que digo para meus amigos e clientes: enquanto essa religião, isto é, essa facção da verdade, estiver sendo boa para você, aproveite. Aprenda o que de positivo ela pode trazer para sua vida. No dia seguinte, agradeça e siga o seu caminho.
Mas, por favor, não fique pregando essa meia-verdade religiosa, como se ela fosse a verdade suprema. Porque, nesse momento, você caiu na armadilha de alguns ladinos que se utilizam de um pouco mais de esperteza e poder de persuasão para lhe iludir e lhe aprisionar. E muitas vezes isso é feito com a melhor das intenções, porém, inconscientemente.
Nenhuma experiência mística, visão espiritual, vozes do além, saídas do corpo, nada disso pode ser confundido com a verdade. Tudo isso são apenas experiências que se bem utilizadas apontam para uma consciência maior.
Lembre-se de que você vê aquilo que quer ver e sente aquilo que quer sentir. Isso não tem nada a ver com a verdade. Lindas mensagens de amor e compaixão vindas do ‘"além"’ são palavras vazias quando interpretadas por uma mente condicionada por crenças ou sentidas por um coração que não conhece o que é o amor.
Trabalho há mais de vinte anos com a leitura e interpretação de campos energéticos. Vejo a aura, a energia, os chakras, o campo metafísico do ser humano e trabalho também com Massagem Psíquica. Mas, tenho consciência plena de que o que vejo são apenas imagens simbólicas que apontam para uma verdade maior. De princípio, o que estou vislumbrando aponta para a verdade individual daquela pessoa que se expõe e confia em mim naquele momento. E somente através do encontro com essa verdade individual posso vislumbrar a verdade maior. Simplesmente porque o todo está contido na parte. Achar que conhecemos o todo antes mesmo de nos conhecermos é uma tremenda arrogância.
Então, não se vanglorie caso você seja dotado da capacidade de ver ou ouvir entes ou mensagens espirituais. Não há nada de especial nisso. Essas são apenas imagens ou símbolos que seu inconsciente encontrou para se comunicar com outros níveis de consciência. Nada de extraordinário! Aproveite esse potencial para seguir seu caminho em busca da sua própria verdade: aquela que verdadeiramente liberta. Enquanto você estiver preso a conceitos ou crenças religiosas, você estará vivendo em um cárcere.
E, finalmente, como posso saber se minha religião é a correta para mim?
Existe uma maneira simples de descobrir se os ensinamentos religiosos estão lhe fazendo bem ou estão interrompendo a sua busca espiritual. A fórmula é: perceba a cada momento se você se sente mais livre, mais feliz e mais realizado; ou, ao contrário, mais sério, mais pesado e cheio de crenças e ‘verdades’. Caso você se sinta mais leve, feliz e em paz, a sua religião ou filosofia ainda tem algo para lhe dar. Mas, quando você sentir que após um tempo de experiência o que ficou foi um peso e uma promessa de que no futuro será melhor, pule fora.
Uma dica do Osho:
"E para mim, seriedade é uma doença; e o senso de humor torna você mais humano, mais humilde. O senso de humor -- de acordo comigo, é uma das partes mais essenciais da religiosidade."
Na minha percepção a verdadeira religião não acredita no futuro. Ela vive somente no presente. Ela descobriu que Deus está diluido na própria Existência. Percebeu que só existe uma vida, só existe um mundo, só existe este momento. Se sua religião prega promessas de realizações em um futuro distante, ela não sabe. Promessa é uma forma ladina de adiar suas aspirações verdadeiras para um futuro que não existe. ‘Amanhã você saberá’, ‘amanhã você será mais feliz’ e esse amanhã nunca chega. Ele nunca chega, simplesmente porque esse amanhã realmente não existe.
Namastê!
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