A mania de perseguição que tratarei aqui não é aquela em que o indivíduo (geralmente esquizofrênico) pensa que alguém está atrás dele, seguindo seus passos, mas uma perseguição a nível interpretativo.
Desconfiar, na sociedade atual, é natural e totalmente compreensível. O problema é quando esse problema se agrava e o indivíduo desenvolve uma mania de perseguição. “Ter desconfiança é uma coisa comum, pode ser alguma conseqüência de uma experiência ruim. O importante é avaliar a intensidade dessa sensação e se ela é absurda ou não”, explica o psiquiatra Erlei Sasse Junior, do Instituto de Psiquiatria da USP.
Na psiquiatria, essa sensação de se sentir perseguido é entendida como auto-referência e aparece como sintoma em diversas patologias, entre elas a esquizofrenia paranóide. “Esse paciente tem como característica o fato de ser mais desconfiado que as pessoas comuns. Ele tem muito medo de ser enganado, passado para trás”, completa o psiquiatra.
A intensidade com que essa mania de perseguição acontece varia de pessoa para pessoa, mas sempre causa muita angústia e mal estar. Quando muito intensa, costuma afetar grande parte da vida social, já que o sujeito passa a evitar qualquer tipo de relacionamento. A habilidade em manter e estabelecer novas amizades também fica extremamente abalada.
Além do comportamento persecutório, o indivíduo pode apresentar alucinações visuais ou auditivas. Costuma completar erroneamente o comportamento do outro como sinal de agressão, não conseguindo levar em conta outras variáveis que podem estar interferindo no jeito de ser do outro (como problemas pessoais, por exemplo). Desta forma, risadas de alguém podem ser tidas como ironias; o fato de um indivíduo não ser simpático é analisado como prova de não gostar da pessoa; um simples olhar é traduzido como recriminação. Basta um círculo de colegas de trabalho se reunir para o paranóide achar que o grupo está falando mal ou tramando algo contra ele. Ou quando vê duas pessoas cochichando, tem a impressão de ouvir seu nome sendo citado.
Esses sujeitos são extremamente auto-críticos, intolerantes às suas próprias falhas, exigindo sempre uma “perfeição” pessoal. Quando se relacionam com alguém, este funciona como um espelho: vêem no outro a severidade que está em seu interior; são vítimas de sua própria crítica.
É recomendável que o indivíduo que sofra com este tipo de delírio procure ajuda médica porém, o tratamento torna-se completo pelo fato de o individuo não confiar no que o psiquiatra diz, achando que ele vai enganá-lo.
A sensação de estar sendo perseguido pode ser ilusória, mas as vezes ela pode ser fruto de uma situação real e traumatizante.
A mania de perseguição excessiva também pode indicar um transtorno de personalidade. Nesse caso, o indivíduo apresenta um caráter desconfiado e com tendência à distorcer os fatos e, muitas vezes, interpretar atitudes amigáveis como insultos ou manifestações de desprezo. No campo conjugal, pode desencadear um ciúme excessivo do parceiro. É nesse ponto que o distúrbio passa a afetar o indivíduo socialmente, diz Erlei: “Tem situações em que a desconfiança começa a ficar mais intensa e ela assume uma proporção negativa para o indivíduo e para quem ele mantém contato social”.
“Confiar demais ou desconfiar muito é prejudicial da mesma maneira”.
Uma saída:
A conscientização da questão é de grande valor.. Isso ajuda muito no tratamento de qualquer problema psicológico. A terapia é uma experiência muito rica, na qual a pessoa aprende a lidar melhor com seus conflitos e consigo mesmo...
Referências:
http://www.usp.br/espacoaberto/arquivo/2004/espaco46ago/0comportamento
http://www.palavraescuta.com.br/perguntas/mania-de-perseguicao
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