Intimidade não se consegue numa noite de sexo. Por maior que seja a troca, o prazer, a peripécia, o orgasmo. Intimidade é construída diariamente, na resolução de um conflito, na confissão de um trauma, na celebração das alegrias, na torcida por uma vitória, na confiança de partilhar os sonhos mais íntimos. E isso demanda tempo, investimento voluntário, e o desejo de comprometimento. Numa noite de sexo por sexo o que se consegue é uma espécie de alívio fisiológico, uma injeção efêmera de hormônios que causam prazer, ou nem isso. Sexo por sexo poderá ser tão saudável quanto sexo com amor, mas não promove intimidade. A carícia de quem ama alimenta os seus campos sutis, sua alma; a carícia de quem vivencia apenas o desejo alimenta o corpo. (Uma luz ilumina a superfície, a outra penetra.)
Penetrar um corpo numa relação sexual não necessariamente significa comunhão com ele. E o prazer, na ausência da comunhão, é muito mais solitário e individual, mesmo que simultâneo.
Penetrar um corpo com amor é ter vontade de perder-se e a confiança de que se estará seguro nesta entrega de todos os sentidos. Poderá haver tanta poesia numa relação quanto em outra, mas intimidade não. Poderá haver tanta diversão e desejo em uma como em outra, mas intimidade só se consegue com o antes e o depois em consonância com o durante.
Sexo sem amor pode ser tão gostoso quanto com. Mas poder dizer um EUTEAMO sonoro, com toda a força do teu coração, naquele momento em que alguém se funde a você, é um orgasmo-bônus que só a intimidade proporciona.
Imagens: google.com
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