domingo, 14 de agosto de 2011

● Fragilidades da Paixão

Refletindo sobre o amor que envolve duas pessoas, resolvi fazer uma pesquisa sobre o tema e confesso que fiquei bastante surpresa, ao constatar que, quando estamos vivenciando a fase da paixão que precede o sentimento amoroso, acabamos não nos dando conta de toda a fantasia que criamos em torno desse delicioso sentimento que podemos sentir pelo outro – é uma emoção forte e marcante, mas, também muito frágil e sutil.

Quando estamos apaixonados, vivenciamos um estado de expansão de consciência, tudo parece colorido aos nossos olhos, sentimo-nos nas nuvens. A felicidade que sentimos fica tão evidente que todos ao nosso redor passam a perceber que temos alguma coisa diferente, experimentamos um sentimento de lassidão, aliado a uma doce paz e uma enorme alegria interior. Associado a toda esta química amorosa, temos o popular friozinho na barriga, pois a paixão acaba desencadeando o aumento de nossos batimentos cardíacos – a famosa descarga de adrenalina.

Quem está apaixonada termina descobrindo mais tarde que o outro acabou mesmo foi mexendo com seu narcisismo, pois neste início de paixão, os egos acabam comandando o espetáculo.

A pessoa se apaixona por aquele em cujos olhos vê refletida a imagem que idealiza de si própria. Esta imagem, por sua vez, acaba se traduzindo em alguém que está sempre nos reafirmando e confirmando nossas qualidades de pessoas únicas e maravilhosas. Agrados, elogios, carinhos são ainda na maioria dos casos o combustível para que a paixão perdure... “Adoro o seu cheiro! Como você é amoroso! Com você me sinto nas nuvens e tantos outros mimos que os amantes fazem um para o outro.

No fundo, o amor acaba sendo um jogo muito divertido, onde os parceiros acabam atuando como atores dentro de um imenso palco de teatro; há o jogo da sedução, a troca de olhares insinuantes e apaixonados, o doce suspiro típico dos apaixonados, palavras dita de forma carinhosa, a troca de confetes e, tudo, no final, acaba sendo estimulante na conquista do outro. Não deixa de ser uma sobrevalorização do amado, o que muitas vezes pode também acabar suprindo algum tipo de carência afetiva.

A vasta literatura a respeito do tema “Paixão”, não nos deixa dúvida de que logo a paixão cede lugar ao amor, que pode com o tempo acabar esfriando, principalmente, com o avanço da intimidade entre os parceiros. O que era de início sedutor passa a incomodar na vida cotidiana. Um exemplo bastante comum é a porta do banheiro aberta. Sensual, vira “falta de cerimônia” e, com o tempo, pode acabar desgastando o relacionamento.

É como se o encantamento virasse desencantamento e, ao findar da mágica, só resta a sensação de um sentimento que não se renova, no momento que temos a exata medida do resultado zero e da verdade do amor cego, que era muito bonito, mas que, quando se torna real, não consegue vislumbrar nenhum atrativo, aquilo que parecia se encaixar como um delicado quebra-cabeça não passa de um borrão na lembrança.

Assim é o amor, esse sentimento marcante e delicioso que nos dá energia vital, mas também é muito frágil e sutil. Viver em estado de paixão pode nos trazer um novo ânimo para a vida, pois, além de ser um antidepressivo muito bom, faz os hormônios circularem, nos dá uma maior disposição, deixa um um novo brilho no olhar, aumenta nossa disposição para viver e trabalhar.

Por isso, se apaixone com moderação, permitindo-se vivenciar e experimentar estes sentimentos de maneira que não acabe se machucando, pois muitas vezes, assim como o amor, a paixão também é cega...




Palavras de: Tania Paupitz
Imagens: google.com





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