quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Carregando os problemas do mundo...

Ajudar aquele que lhe pede ajuda é um gesto muito nobre, mas querer resolver problemas que não nos dizem respeito é um tremendo equívoco. Sim, meu amigo, é até egoísmo querer pra si problemas que não lhe pertencem. Não seja tão invasivo, enquanto seus olhos estiverem fixados nas complicações dos outros, seu mundo interior estará esquecido.

É claro que agimos na melhor das boas intenções, pois achamos que estamos contribuindo para o bem comum, no entanto, o que não percebemos é que o outro precisa desses enfrentamentos, pois irá crescer e desenvolver-se através dos reveses da vida.

Imagine-se no alto de uma grande montanha onde o ar é mais puro, a visão é muito mais expandida e a satisfação da conquista se manifesta com toda a sua força e, nesse momento, os problemas ficaram para trás e a plenitude da conquista finalmente foi alcançada... Imaginou?

Muito bem, agora nunca se esqueça que para chegar ao topo houve todo o desconforto da subida, onde você teve que enfrentar dificuldades, conviver com o desânimo, lutar contra o desespero, algumas vezes pensou em desistir, jogar-se, mas apesar de todos os obstáculos você acabou alcançando o ponto mais alto e o seu esforço foi totalmente recompensado.

Essa mesma subida, se impõe a todos, ninguém está livre da escalada que faz parte da dinâmica da existência e está cada vez mais claro que existe uma Lei agindo sobre tudo aquilo que vibra no Universo com esse propósito. Todo sofrimento humano é, portanto, o resultado de uma resistência ao movimento de expansão da consciência que traz esse tipo de exigência; assim, sofremos por sermos rebeldes e, de forma instintiva, por nos ajustarmos às zonas de conforto que nos estacionam.

É claro que sempre poderemos dar uma mão àqueles que se desequilibram, aos que precisam de apoio, isso é sublime; no entanto, não podemos carregá-los nas costas, seria um contrassenso, estaríamos retardando o desenvolvimento de ambos.

Quantos homens não apresentam traços de infantilidade, despreparo, além de parcos recursos emocionais para lidar com suas provações? Não seria o resultado da superproteção de pais que se preocuparam demais com as frustrações e as dificuldades naturais no caminho desses filhos, carregando-os, ora no útero, ora nos ombros, muito além do tempo necessário? Claro que sim. Não há dúvida que é preciso cair para aprender andar, é preciso esforço para empreender qualquer conquista; nada é mais triste do que ver marmanjos dependentes, que mostram uma total incapacidade para resolver coisas simples.

Sabe o que a mamãe ursa faz com os filhotes quando percebe que já estão grandinhos? Ela os expulsa a dentadas. É isso! Claro que não estou pedindo o mesmo tratamento à prole humana, mas é chegada a hora de entender que o excesso de mimo e proteção age totalmente contra o desenvolvimento daqueles que amamos.

É preciso entender por que criamos esse padrão emocional, por que nos condicionamos de forma tão burra: querer colocar sobre os nossos ombros todas as dores do mundo. Quando o homem aprender a gostar mais de si, conseguir perdoar-se, aceitar-se, não será mais vítima desses condicionamentos, pois não sentirá a necessidade de convencer-se com esse tipo de comportamento destrutivo de que não é o réprobo que julga ser.

Para falar de paz é preciso ter paz dentro de si, para ajudar o outro será necessário estar bem, não podemos nos esquecer do compromisso com nós mesmos, da própria subida, da nossa montanha, para isso teremos que aprender o verdadeiro sentido do ajudar.


por: Paulo Tavarez
Imagens: google.com


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