Muitas vezes remoemos mentalmente algo do passado que fizemos ou deixamos de fazer dizendo para nós mesmos que poderíamos ter feito melhor ou que deveríamos ter feito diferente.
Cada vez que tomamos alguma ação, ela é sempre a melhor que conseguimos tomar naquele momento, por pior que ela possa ter sido. Os nossos atos dependem do nosso estado de consciência, e esse estado por sua vez, depende da nossa experiência de vida, dos sentimentos negativos que acumulamos e dos sentimentos que estão se manifestando naquele momento.
Inconscientemente consultamos rapidamente todo esse material interior e tomamos nossas decisões a cada instante. Quando nosso estado emocional muda para pior, nossas ações sofrerão a influencia dessa mudança. Quando mudamos emocionalmente para melhor também veremos se refletir uma melhora na qualidade dos nossos atos.
Todas as vezes que analisamos nossos atos passados, estamos julgando nossas atitudes anteriores, que foram realizadas de acordo com o estado de consciência daquele determinado momento, levando em conta o nosso estado de consciência atual que muitas vezes é bem diferente do anterior. E isso pode acabar criando sentimentos de auto cobrança e culpa.
“Eu deveria ter feito diferente” ou “eu poderia ter feito diferente". Não, não poderia. Só se seu estado de consciência fosse diferente na época, mas ele não era. Era exatamente daquele jeito que foi no passado e não tem como voltar e mudar.
Talvez se fosse hoje e a mesma situação do passado se repetisse você teria uma atitude diferente, pois na atualidade você pode ter amadurecido e quem sabe esteja em um estado de consciência melhor. Mas, no passado, seu estado de consciência era exatamente aquele que foi na época, e se você voltasse no tempo faria tudo da mesma forma.
“Ah mas se eu tivesse naquela época a experiência que eu tenho hoje...”. Mas você não tinha. O diálogo mental de auto acusação e lamentação serve apenas para causar sofrimento. Não muda o ocorrido no passado e cria uma negatividade que acaba gerando mais conseqüências para a nossa vida. Quanto mais negatividade carregamos, pior a qualidade das nossas ações e mais sofrimentos iremos causar para nós mesmos e pessoas próximas.
Atendendo a uma aluna durante um curso de EFT, ela trouxe o seguinte pensamento: “Eu me odeio pelas escolhas que fiz na vida. Eu me odeio por ter aceitado as criticas do meu pai dizendo que eu não ia ser ninguém. Eu me odeio pela escolha que fiz errada no casamento, pela segunda vez...”.
Todos esses pensamentos e sentimentos vinham ainda acompanhados com a sensação de que ela deveria e poderia ter feito diferente. Além de todos os problemas do passado, a mente criou mais outro problema que é auto condenação, auto cobrança, culpa, raiva de si mesma. E quando sentimos raiva de nós mesmo, iremos nos sabotar e nos punir, levando a mais escolhas negativas.
Tudo acontece de forma inconsciente. Pensamos que a auto critica irá nos impulsionar para não repetirmos os erros, mas acontece justamente o contrário. Ela nos coloca em um estado tão negativo que tende nos paralisar e dificultar ainda mais a mudança. Auto critica é diferente de auto analise. Na primeira pode haver lamentação, auto julgamento e negatividade. Na auto analise há apenas uma constatação das nossas ações passadas, insights e aprendizado.
Quando alguém chega nesse estado emocional, a primeira coisa que faço é aplicar bastante EFT para limpar esses sentimentos de auto condenação e arrependimento o mais profundo possível. Foi o que fiz com a aluna durante o atendimento no curso. Listamos os eventos e atitudes do passado que a faziam sentir raiva de si mesma e limpamos um por um. O efeito dessa limpeza fez brotar um sentimento de paz interior, auto aceitação, auto perdão e uma compreensão maior de que o que foi feito na época foi baseado nos sentimentos e maturidade daquele momento.
É um sentimento parecido com o olhar que temos hoje na vida adulta sobre nossas ações quando éramos crianças. Como é possível nos condenar? Naquela época éramos infantis, imaturos, inexperientes. Deveríamos olhar para trás e nos ver como se fossemos crianças em aprendizado, mesmo com relação as atitudes que tomamos ontem.
Todos esses sentimentos de auto condenação acumulados nos deixam deprimidos e pessimistas. Ao livrar-se desse peso enorme, surgiu na aluna uma confiança interior de que as coisas poderiam ser feitas diferentes de hoje por diante. Acaba a lamentação do passado, que é totalmente inútil, e nos concentramos no que é possível se fazer a partir de agora. Restou o aprendizado da experiência do passado, sem o peso do ódio de si própria e toda a negatividade que havia sido criada.
As vezes me pego lembrando de coisas do passado e pensando o que teria sido se eu tivesse feito desta ou daquela forma e como as coisas hoje poderiam ser diferentes. Na maioria das vezes tomo consciência que é apenas uma viagem mental inútil e o diálogo perde a força. “Ah se eu tivesse feito diferente...”. Mas eu não fiz. “Ah se eu tivesse mais maturidade na época”. Mas eu não tinha. “Como teria sido o desenrolar da minha vida se tivesse feito de outra forma”. Mas não fiz diferente e nunca saberei e é inútil especular.
Se você quer fazer diferente, nada melhor do que o agora, o presente momento para começar a agir diferente. Abandone completamente as lamúrias do passado pois elas servem exclusivamente para criar sofrimento. Esse é apenas mais um mecanismo de fortalecimento do condicionamento mental antigo que alimenta a negatividade e vem passando de geração em geração. A humanidade treinou inconscientemente suas mentes para isso por séculos. É necessários acordar agora para quebrar essa perpetuação.
É preciso ficar atento para não se deixar levar por essa corrente de pensamentos negativos que surgem. Quanto mais intensos forem os pensamentos sentimentos, mais alerta precisamos ficar para que eles não ocupem completamente a nossa mente.
Muitas vezes é difícil não se deixar levar pela negatividade. Nesses momentos podemos usar a EFT para dissolver a energia desses pensamentos. O resultado costuma ser rápido e profundo.
André Lima -EFT
●
Nenhum comentário:
Postar um comentário